segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

o perigo da palavra Deus

Se, de há muito, deixei de usar especificamente a palavra Deus, pergunto-me se, neste retraimento a dela fazer uso, não terá pesado, sem que o discernisse, o que agora me é trazido à consciência, nomeadamente, que seja «a maior das heresias fazer de Deus um vocábulo».

A consciência, se alguma tinha como o creio, era a de que encobriria, ou melhor, des-cobriria sempre, a quem da minha boca a escutasse, a figura de Jehovah, «o Pai terrível que mantinha "os publicanos e pecadores" convictos da sua nenhuma valia e os "escribas e Fariseus" acobardados por detrás de uma fachada de aterrada santidade» (estou a citar, na minha tradução, um passo de Son of Man: the mystical path to Christ).
Quem, pelo contrário, reconheceria nesta palavra o "Tu" da «mais profunda experiência mística, um Pai que é também uma Mãe, de quem o maior anseio não é  julgar, mas  festejar a  harmonia entre seres nascidos do amor» (ibidem)?
A esta «visão do Pai que é também Mãe» se molda «a própria natureza espiritual de Jesus (...), que O faz um exemplo supremo do divino equilíbrio humano entre o "masculino" e o "feminino", (...) a antítese (...) do regime patriarcal em todas as suas palavras, gestos e movimentos de amor».