terça-feira, 31 de maio de 2011

O tempo de Maria

Falei em contemplação e em acção como predisposições naturais que, encontrando condições propícias, tomarão, uma e outra, a forma de «orientações do coração», com um papel crucial nas escolhas que a todo o momento se fazem ao longo da vida, desde as triviais do quotidiano às não triviais e decisivas em termos de rumos de vida. 
Estou, contra o que me propus, a generalizar, quando, na verdade, só estou a ter em conta aqueles que O ouvem chamar lá fora  (os «que têm ouvidos para ouvir»... mas porque os têm uns e outros não?) e Lhe abrem a porta, os que O acolhem em sua casa, como Marta ou como Maria. Poderiam ser Suas as palavras da canção: «Mary be at one with me», «Martha, spread your arms to me». Não dizem elas que Maria escolheu a melhor parte?
Deixarei, num novo post, o que consegui captar da letra da canção
Se a minha escolha  em relação a Ele é a de Maria, a mesma escolha faço em relação ao "outro" em que O encontro, poderia dizer  na «orientação do coração» que, desde logo, nos aproxima e liga. Por isso um outro tempo se instaura - o tempo de Maria - onde não há lugar para pressas nem azáfamas, onde não se colocam objectivos nem se gizam estratégias (talvez daqui advenha ser tão avessa à própria ideia de "planificação"), tudo «acontecendo» a par e passo, clarificando a uma sempre nova luz os passos dados.
Diferente é o tempo de Marta, um tempo em que tenho, porém, de viver, com tarefas a que, mesmo sendo-lhes avessa, me obrigo a cumprir a cada momento em que, urgindo, se me colocam.  Também as ligações  são de outra natureza neste "tempo de Marta" e muito difíceis as consonâncias.