quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

o conceptual e o simbólico ou, de novo, xy

Sempre pensei que teria um maior pendor para o teórico do que para o prático, já que, no ensino das línguas,de que durante anos fiz profissão, sempre fui avessa à parte "prática", vendo-a como tediosa perda de tempo. Pergunto-me de que lado  inscrevo o simbólico, se sempre por ele me senti, mais do que atraída, seduzida, fascinada. O conceptual, por excelência teórico, se decorre do simbólico também para ele concorre. Na metáfora dos sexos, se atribuir a x o simbólico e a y o conceptual, o modo de pensamento do homem levará vantagem sobre o da mulher. Porém, tal acontece se - e só se - o equilíbrio xy for perfeito (como o vejo perfeito em Jesus). Como mulher não corro o risco de resvalar para o conceptual (que de certo modo me é imposto ou me imponho) em que tão pouco à vontade me sinto, já que habitar a floresta do simbólico e diluir-me nela  é a minha natural propensão.
Para o "trabalho científico" nos moldes instituídos (ainda que cada vez mais abalados) teria sempre de contemplar o conceptual. Como é de norma, dediquei todo um capítulo às considerações epistemológicas e à definição, se não dos conceitos, certamente do uso que iria fazer dos termos que os designam (por exemplo, o conceito de “gramática”). Para além desta precaução, porém, perseverei numa outra: a de fugir aos conceitos desgastados pelo uso ou minados nos seus fundamentos pelas ideologias, ciente da sua periculosidade no momento em que os introduzisse no “interacto” discursivo em curso. Para meu próprio uso não representam, porém, risco algum, não tendo outra utilidade senão a do puro exercício mental na sempre vã tentativa da sua recuperação. Tal o caso, por excelência, do conceito de "cristianismo".