quinta-feira, 22 de outubro de 2009

a relação

Insisto comigo mesma em não ver separados os mundos da vida e da escrita, de convicta que estou de que são um e o mesmo, ou não tocasse a escrita, na dinâmica que lhe é inerente, o mais profundo cerne da vida, nas suas diferentes dimensões, esferas de existência, níveis de vibração, ou o que se queira chamar à referência última dos deícticos "aqui", "aí", "ali", "além", a culminar nesse "onde" que é nenhum lugar. (Citando Silesius "(...] wo ist mein letztes End in welches ich sol gehen? / Da wo man keines findt. [...] trad. "onde o meu fim último para o qual devo ir? Lá onde nenhum se encontra.)
Numa e noutra, o mistério que lhes é intrínseco manifesta-se sempre irrompendo de uma relação (em que, em última análise intervem como parte activa, se não mesmo geradora ou criadora da própria relação).
À própria "gramática" é intrínseca esta dinâmica. Aceitando a categorização que Halliday faz dos "processos" (físicos, psíquicos e relacionais, com as respectivas interfaces), vejo os processos físicos e psíquicos como rios que corressem juntos no mesmo leito em diferentes caudais, de e para os relacionais. É com respeito aos "processos verbais" que Halliday mostra a maior insegurança, não avançando na direcção das perspectivas que abre. O situá-los na interface entre os relacionais e os psíquicos levanta a questão crucial da relação entre pensar e dizer, entre pensamento verbal e linguagem.