sábado, 1 de maio de 2010

niemals mehr allein sein

Por vezes acontece uma canção (como a que coloquei no último post) encontrar particular ressonância em mim, regra geral, pela íntima ligação com a palavra, quase sempre de uma extrema simplicidade (como é também o caso). A relação einsam - gemeinsam com allein - nicht allein toca "cordas" profundas, tanto quanto tem a ver com meu tema privilegiado, a relação "eu - tu". Premida a nota ou o acorde, é uma arcada que se me abre sobre o "ainda não" no processo em que, em mim, se torna esse " já que invento" na prossecução do meu tema.

Einsam ("só", no sentido de "isolado / isoladamente") surge com referência aos anjos, que voam sós (como sós escrevem os poetas, pintam os pintores, dormem os que sonham - e até as fadas fazem os seus encantamentos). É também esta a solidão (Einsamkeit) daquela que em mim protagoniza o "eu" que enuncia/canta. O "em comum /juntamente" (gemeinsam) perde desde logo a banalidade (inerente ao du und ich gemeinsam da relação banal) no confronto com a sua própria impossibilidade quando enunciada com respeito aos anjos e aos que , como eles, têm "em comum" (gemeinsam) o estarem sós (einsam). A tomada de consciência do que têm em comum - tal a "comunhão" que os fará nunca mais estarem sós (allein) : niemals mehr allein sein.