domingo, 20 de junho de 2010

«Se alguém quiser seguir-Me"

A missa de hoje foi-me especialmente proveitosa. O salmo foi o meu preferido (Salmo 63, 2-9) - quase o sei de cor na tradução que mais gosto: «Ó Deus, tu és o meu Deus, desde a aurora te procuro. De ti tem sede a minha alma, anela por ti a minha carne, como terra árida, ressequida, sem água.» E o Evangelho presentificou aquela frase de Jesus que do mesmo modo tenho escrita no mais fundo de mim: «quem quiser seguir-Me, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Luc 9, 23). E o cântico é uma interpretação da "música calada" que estas palavras me dão a escutar. Mas hoje tocaram-me, moveram-me de um modo muito especial. Tantas vezes acontece um passo, um versículo trazer-me a resposta a uma pergunta que insistentemente se me coloca. Agora, estas palavras, tão conhecidas, brilharam com a luz que precisava para prosseguir viagem depois de todo este tempo de reflexão estéril - ou pelo menos assim se me tem afigurado. Perguntava-me (e não apenas a mim, quando diante d' Ele me figuro)se teria razão de ser usar o termo "seguir" para este meu acompanhar os passos-poemas (e reflexões, quando as faz) do Viandante, muito em especial quando são dolorosos esses mesmos passos. À luz da luz recebida direi que sim, que usei bem o termo. Não queremos um e outro segui-Lo? A cruz é dupla quando a não aceitamos (na homilia o padre sublinhou-o e fez-me recapitular a experiência que tive disso mesmo e como a superei). O Viandante, porém, aceita-a e prossegue. Querendo segui-LO, sigo-o também, sendo a mesma a orientação do coração que nos move os passos."Richtung des Herzens",a mais feliz verbalização do que nos religa (já que o termo "religião" tão pesada carga arrasta).
(Pensava escrever um pensamento sobre aquele que neste momento terá tomado consciência do tremendo engano em que esteve a vida inteira.Só posso desejar que,lá "na outra margem", Ele lhe dê a força para se erguer e avançar para a Sua infinita misericórdia.)