terça-feira, 1 de junho de 2010

Ainda as duas orientações do pensar

Quando fiz uso da metáfora dos eixos vertical e horizontal para os dois modos "dominantes" de pensar que associei, respectivamente, ao masculino e ao feminino não quis naturalmente dizer que num e noutro não coexistissem os dois, como é, naturalmente, o caso.
Teresa d' Ávila, as mais das vezes, não desce às profundidades nem sobe às alturas, antes se fica pelo planalto onde o horizonte se lhe estende a perder de vista. Se são recorrentes os seus temas e motivos ela toca-os como se fossem realmente de natureza musical, tudo deixando por/a pensar. Diria que não se entrega ela mesma a tal "tarefa" pelo esforço contra natura que envolveria disciplinar-se a tal (será por isso que constantemente se justifica com as limitações que tem como mulher, sendo claro que se escuda atrás deste argumento de perigos de outra natureza que não o da acusação de se não dar a esforços auto-impostos).Tudo isto, porém, contribui para que, à distância de tantos séculos, ainda sinta ao lê-la o calor da sua respiração.
Tenho de admitir que, se a chamada "actividade científica", enquanto a tal estive obrigada, foi sempre um equilibrar das duas "orientações" (de forma a que nunca ficasse de fora a componente de prazer no que fazia), cada vez mais agora (que já não tenho constrangimentos desta natureza,) tendo a me espraiar na planura, alargando as margens.
Não quero dizer com isto que abandonei os meus temas e motivos recorrentes, antes que os vejo como redemoinhos no caudal do rio, do qual não os posso obviamente isolar.