terça-feira, 9 de novembro de 2010

delírio?

O mistério nisto tudo está  (e quanto mais recapitulo, mas claramente o discirno) em os acontecimentos "lá fora" na minha própria vida, cuja ocorrência real (sempre surpreendente) nada tem a ver com a minha vontade) anteciparem as descobertas que a seguir faço na literatura, como se me as apontassem. 

A experiência mais antiga, depois  de o autor anónimo da Cloud se ter feito presença quase palpável durante uma eucaristia, foi com a primeira parte do Livro da Vida de Teresa de Ávila. A narrativa que fizesse assemelhar-se-ia muito à do conto de Poe que mencionei no meu post anterior (The falling of the House of Usher), com a diferença de que agora a vida antecipava a literatura.
Incidentes de ordem adversa no meu local de trabalho (porquê o confronto com criaturas  hediondas que mais se me afiguravam personagens planas de uma farsa?) vieram interromper este "delírio". Que se tratava de um delírio não patológico assegurava-mo a felicidade que sentia e o bem que me trazia não só espiritualmente, mas também física e psiquicamente. Algo se manifestaria exteriormente pois que atraía à minha volta alguns dos que, como o vim mais tarde a ler em Centuries (no passo que coloquei no blogue que lhe dedico),Traherne chama «beginners and desirers».

Foi neste contexto que conheci o que era então o Renovamento Carismático. O que acontecera na Inglaterra seiscentista de semelhante, conforme o descobri pouco depois, fez-me adoptar o princípio da joeira: soprar o debulho e guardar o grão. Com o tempo o grão tem vindo a escassear e na joeira só encontro palha. O que terá acontecido?