quinta-feira, 17 de março de 2011

ordem, comunidade, elite espiritual (1)



O Evangelho do dia de hoje, Mat 7, 7-12, traz-nos aquelas palavras que muitos sabemos de cor, no sentido comum e etimológico do termo: «Pedi, e recebereis; procurai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois, quem pede, recebe; e quem procura, encontra; e ao que bate, hão-de abrir.»
Nelas encontro mais uma reiteração da dinâmica trinitária em que irrompe e em que intervém o Espírito que a gera. Dizer "Espírito" é  também dizer "graça" (no sentido do termo grego kharis), Seu dom e Seu fruto.
O que digo  - ou melhor, dizê-lo - nada mais é do que o traço desnecessário a unir os arcos em aberto no desenho do peixe com que se davam a reconhecer os cristãos nos primeiros tempos: um desenhava um arco na areia e o outro juntava-lhe o arco ao contrário, surgindo assim o desenho de um peixe (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ - Iesous Khristos Theos Uios Soter; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador").
De facto, o traço a unir os arcos onde o desenho é aberto é supérfluo, estando e não estando lá (o que é em si mesmo simbólico). O ponto de partida é apenas um ponto, que nem sequer tem existência física. O ponto de chegada é o que tem atrás de si todo o traçado. Significativo é, pois, que fique aberto. Não menos significativo é que  o seu traçar-se implique dois e O que os liga.