terça-feira, 19 de abril de 2011

A Via cristã

Se sempre tive consciência da singularidade do Caminho/Via de cada um, cada vez estou mais convicta de que os que O procuram/desejam O encontraram já e que é nessa procura/desejo que cada encontro  acontece.
Assim sendo, pergunto-me o porquê de ficar tão encrespada quando sinto ser-me inculcado o que eu mesma sempre me coibi de me inculcar, como seja uma imagem à Sua semelhança. Não falo, naturalmente, de uma imagem de Jesus (claro que faço imagens, sempre outras, do que Ele é para mim e tenho as minhas preferências no que toca a representações); falo de uma imagem do que  por natureza não a tem, nem mesmo se Lhe podendo atribuir uma «imagem vazia», ou mesmo um «vazio de imagens», pois que nenhum destes grupos nominais diz o tocarem-se o ser e o não-ser ou manifestar-se o divino na Sua unidade trina.

Muita coisa há, na verdade, nos "catecismos" (em que incluo o da tradição em que estou enraizada e que, por isso mesmo, não renego) a que se me cerram as portas do coração e da mente. Porque se insiste (à revelia dos tantos "renovamentos" que por todo o lado se têm tentado) em sustentar sentidos feitos (interpretações estabelecidas) que, as mais das vezes, reclamam todos os dons do Espírito para se compreender o que de verdadeiro possam significar? Se em tudo  a Verdade pode assomar, até na sua própria ausência ...

Assumo-me «cristã» e uso estas aspas (com que assinalo as palavras de alguém, nesta caso as minhas), distinguindo de "cristã" (aspas com que assinalo um uso especial do termo, mormente o generalizado), no sentido que me sinto estar a ser inculcado por quem, com raízes na mesma tradição, as renega no acto (de fala) em que se afirma "não cristão". Por outro lado, sinto o mesmo encrespamento (ou maior) quando alguém, afirmando-se «cristão», dá contra-testemunho de Cristo.  Não faltam, aliás, nos Evangelhos passos a advertirem-nos desta contradição. Se sei que assim é, porque me encrespo então?