terça-feira, 22 de março de 2011

sobre o encontro em Fátima

Ontem, o dia da Primavera, é também o dia do aniversário do meu pai, que partiu  no Outono de 2005.
Como nada escrevi, venho aqui pôr esta nota a remeter para o post que a minha irmã colocou no seu blogue neste dia. É de ver também o freixo agora em toda a sua beleza aqui.

A experiência de três noites (de 17, 18 e 19 do corrente) fora do habitat que construí para mim representou algum desassossego, de onde ter sido necessário deixar passar o resto de Domingo e todo o dia de ontem para estabilizar. Tempos houve em que fiz um ou outro retiro em Fátima, mas ia e vinha, o que, se por um lado me tranquilizava, por outro também revertia em agitação, quebrando o ritmo desejado. Tomei isto como um retiro embora não o fosse, muito insistindo nisso mesmo os organizadores. «O Espírito sopra onde quer», é consabido, mas não faz mal nenhum, antes todo o bem, predispormo-nos à eventualidade com a oração.
O mote era o «aqui e agora» e estava determinado que a tudo o que não tivesse a ver de perto com o momento presente não se daria voz. Assim se evitaram as prolongadas tomadas da palavra que sempre tanto me desagradavam  nos «grupos de partilha» e se travou a ânsia de protagonismo  com a  decorrente monopolização do discurso (ânsia nefasta que neutraliza a acção do Espírito e desagrega o grupo). A confinação ao "aqui e agora" seria a forma de "moderação" que levaria aos "grupos de oração" se o protagonismo não tivesse levado a melhor, institucionalizando o que não se pode institucionalizar.

A base teórica subjacente era a já velha «janela de Johari» (acrónimo dos autores Joseph Luft e Harry Ingham); para relembrar, fui buscar uma imagem à  net), que aqui coloco. As actividades estavam, pois, orientadas para a maior abertura ao próprio e ao outro. 
A facilidade com que me integrei sei muito bem que a devo à experiência que já tinha dos "grupos de partilha" e sobretudo ao ter já conseguido aliviar o rigidismo incapacitante que me tolhia (um tempo houve em que era com imenso esforço que levantava as mãos para dizer o Pai Nosso na missa e seria impensável sequer sair do lugar). 
O que trouxe para a minha caminhada pessoal? É cedo para o dizer pois estas coisas vêem-se melhor em perspectiva. De momento direi que vi em cada um daqueles para quem me senti mais atraída (mais uns do que outros, claro) a «pérola oculta» (em alguns «entre rochas profundas sepultada»), que procurei «trazer à luz do dia» (já que o clima era o de eliminar barreiras). Porém, se, num círculo alargado, todos pertencem, num círculo mais restrito, não senti que, à partida, nenhum deles  plenamente se integrasse na «comunidade espiritual» a que me sinto chamada, nada sabendo dela a não ser o pressentimento do que nos congrega e a certeza de que, estando dispersos, um dia confluiremos e nos encontraremos face a face.