poeticidade (2)
Quando se diz que o poético é em si mesmo uma realidade misteriosa e, como tal, inefável, há que ter em conta que, como o adverte Eduardo Lourenço «"o inefável" não se reporta aqui ao de facto "indizível", pois nós o dizemos, mas ao "quê", que através do dito poético se manifesta». E este "quê", insondável e em si mesmo misterioso, que a obra contém, para além da informação que transmite, será aquilo mesmo que, na verbalização de Walter Benjamin, um tradutor só pode reproduzir se ele próprio for poeta. Tal é a percepção de que parte, considerando desde logo pobre a tradução que, pretendendo servir o leitor, se limita a reproduzir o conteúdo informativo do texto original, descurando a essência da sua «comunicatividade» (nome que dá ao que prefiro chamar "poeticidade").
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