domingo, 18 de março de 2012

«And then it’s this easy» ( Ingmar Bergman, Saraband)



No que têm sido estes dias de retiro forçado, retomei Ingmar Bergman (os filmes que consegui reunir). Ontem vi Saraband . Destaco este passo (a partir da legendagem, em inglês):

«I think a lot about death these days.
I think, one day I’ll be walking the forest path towards the river. It is an autumn day, foggy, no wind. Absolute silence. And then it’s this easy.
Then I see someone over by the gate, approaching me (…). And she is walking towards me. Anna, over by the gate. And then I realize I’m dead. Then the strangest thing happens. I think, is it this easy? We spend our whole lives wondering about death and what comes after. And then it’s this easy.»

Tenho tanto esta percepção. Sempre pensei na morte, como sempre pensei em Deus e no amor. Nunca separei a morte da vida, por isso dizer morte é dizer necessariamente vida.
Se pensar envolve, tal como falar, uma relação e esta implica pelo menos duas partes intervenientes, a outra tranquilizou-me sempre como se me dissesse: «A seu tempo verás como é tudo tão simples». Digo hoje que escutaria uma terceira, a que, como espírito, sopra onde quer, e se manifesta gerando a relação de que nasce. Que seja santo o que irrompe da relação entre mim e mim é o que posso desejar. Tanto como da relação que com o outro – dentro fora de mim – aconteça. O outro, «privilegiado», sim, consoante esta mesma medida.