«o espírito do Evangelho» (ou que seja quaresma todo o ano)
Começou ontem a Quaresma. Do comentário ao Evangelho do dia destaco a citação bíblica que é feita na sequência das reflexões sobre o jejum e a abstinência:
«O jejum que Eu aprecio é este, [...] repartir o teu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão» (Is 58,6-7).
Uma prática para o ano todo, muitas sendo as formas de repartir o pão, dar abrigo e conforto e olhar cada um como Ele o olha. Na verdade estou convicta de que todos, «fiéis e não fiéis», o sabem, no mais fundo de si. A oposição que enunciei esbate-se e anula-se no momento em que cada um, independentemente da "ideologia", consciente ou inconsciente, que lhe estrutura a consciência, assume o Seu olhar.
Do comentário ao Evangelho de hoje, escrito por João XIII no Diário da Alma, destaco este passo (o carregado é meu), a complementar o anterior:
«Uma nota característica deste retiro espiritual tem sido uma grande paz e alegria interior, que me encoraja a oferecer-me ao Senhor, em ordem a qualquer sacrifício que Ele queira pedir-me.Desejo que esta tranquilidade e esta alegria penetrem cada vez mais, por dentro e por fora, toda a minha pessoa e toda a minha vida. [...] Terei muito cuidado na guarda deste gozo interior e exterior. [...] Para mim, deve ser um convite perene a imagem de São Francisco de Sales que, entre outras, gosto de repetir: eu sou como um passarinho que canta num bosque de espinhos. Assim, pois, poucas confidências sobre o que possa fazer-me sofrer. Muita discrição e indulgência no meu juízo acerca das pessoas e das situações; inclinação para orar especialmente por quem for para mim motivo de sofrimento; e, em tudo, grande bondade e paciência sem limites, lembrando-me de que qualquer outro sentimento [...] não está de acordo com o espírito do Evangelho nem da perfeição evangélica.»
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