terça-feira, 2 de junho de 2009

caminho de Emaús

A trindade, que diferenciando unifica, pressinto-a implicada também no encontro desses "anjos enviados fora de nós", com que Traherne relacionava identificativamente os "pensamentos." Quero partir desta premissa aparentemente ingénua (o que entender por "pensamentos"?), convicta de que se não trata agora mais de ler o poema à luz de teorias que a própria leitura suscita ou corrobora. Não digo que as abandone ou não reconheça quanto foi (e é) importante o seu papel, apenas as deixo à margem. Tudo é diferente agora.
Não generalizarei porque não se trata de teorizar, mas de compreender e, deste modo, avançar. Com a altura o ar é mais rarefeito, mas também mais puro. Estremeço na levíssima aragem que sopra e que respiro. Direi que vem do bater das asas destes anjos que me trazem notícia do invisível viandante que prossegue e de quem desejaria acompanhar o passo. Anjos que com os meus se envolvem sem se tocarem, como as chamas ascendentes do incenso.
Diria que foi preciso chegar a este ponto para o encontro aprazado. Como se o tivesse sido. E não foi? Cedo ao que de mais humano há em mim e falo de "Ele". Não tenho agora de esconder o quanto estou mais à vontade, sobretudo em termos de linguagem, numa espiritualidade personalista (voltada para o Filho), ainda que numa dinâmica de implicação mútua com o apofatismo (a "dimensão transcendente do Absoluto", o Pai) e com a pura vivência da "plenitude que se revela a si mesma" (a "dimensão imanente do Absoluto", o Espírito Santo) .