"alcançar a profundidade da vida no espírito"
Ainda em La Trinidad. Una experiencia humana primordial, deparei com algo de fundamental verbalizado nestes termos: "... na medida em que não se tenha descoberto com a surpresa de uma criança (pois está cheio de mistério) que se é precisamente porque o Eu chama (...), não se poderá alcançar a profundidade da vida no espírito."
Circunscrever ao "eu" o mundo (e situar "o outro" nesse mundo) é fazer desse "eu" o "sujeito" de uma realidade que com ele acabará, outra não havendo senão essa que é a sua (Derrida sublinhou-o muitas vezes, muito especialmente em torno do verso de Celan "die Welt ist fort, ich muss dich tragen").
A via ilumina-se no momento em que deixo de me ver não só como sujeito do meu mundo, mas também como "eu" para um "Tu", e me vejo (e é uma fulguração) como "tu" para um "Eu" que me chama a acontecer como tal: é enquanto "tu" que acontece o que em mim é "eu". O "acontecer" do "eu" será, assim, algo de essencialmente diferente do "existir" do sujeito (tão precário quanto o mundo de que se rodeia e de que faz objecto). A gramática que reduz o "eu" a sujeito é a mesma que o liberta dessa sujeição: o "eu" é-o na medida em que é "tu" para o "Eu" na relação que assim se estabelece.
Em que medida, perguntei-me (ou perguntei-Lhe, o que é o mesmo) um dia, me descentraria de mim se visse no "outro" um "eu" (como eu) . Estava, porém, por um lado, a cair no mesmo erro de reduzir o "eu" (neste caso o "eu" do "outro") ao sujeito, e, por outro lado, a apagar-me, não enquanto sujeito do meu mundo, mas enquanto "tu" para um "eu" que não entendi nunca que me chamasse. Enunciatária oblíqua de um discurso que me não era dirigido ainda que me envolvesse (obliquamente). Aprendi que descentrar-me de mim mesma não é ficar de fora, como se me apagasse e ficasse a ver o que acontece. Ser "tu" para um "Eu" é infinitamente mais fácil do que ser "tu" para o "eu" do "outro". Que "eu" acontece nesta relação?
Nesta recapitulação aguardo em expectativa o que virá.
Circunscrever ao "eu" o mundo (e situar "o outro" nesse mundo) é fazer desse "eu" o "sujeito" de uma realidade que com ele acabará, outra não havendo senão essa que é a sua (Derrida sublinhou-o muitas vezes, muito especialmente em torno do verso de Celan "die Welt ist fort, ich muss dich tragen").
A via ilumina-se no momento em que deixo de me ver não só como sujeito do meu mundo, mas também como "eu" para um "Tu", e me vejo (e é uma fulguração) como "tu" para um "Eu" que me chama a acontecer como tal: é enquanto "tu" que acontece o que em mim é "eu". O "acontecer" do "eu" será, assim, algo de essencialmente diferente do "existir" do sujeito (tão precário quanto o mundo de que se rodeia e de que faz objecto). A gramática que reduz o "eu" a sujeito é a mesma que o liberta dessa sujeição: o "eu" é-o na medida em que é "tu" para o "Eu" na relação que assim se estabelece.
Em que medida, perguntei-me (ou perguntei-Lhe, o que é o mesmo) um dia, me descentraria de mim se visse no "outro" um "eu" (como eu) . Estava, porém, por um lado, a cair no mesmo erro de reduzir o "eu" (neste caso o "eu" do "outro") ao sujeito, e, por outro lado, a apagar-me, não enquanto sujeito do meu mundo, mas enquanto "tu" para um "eu" que não entendi nunca que me chamasse. Enunciatária oblíqua de um discurso que me não era dirigido ainda que me envolvesse (obliquamente). Aprendi que descentrar-me de mim mesma não é ficar de fora, como se me apagasse e ficasse a ver o que acontece. Ser "tu" para um "Eu" é infinitamente mais fácil do que ser "tu" para o "eu" do "outro". Que "eu" acontece nesta relação?
Nesta recapitulação aguardo em expectativa o que virá.
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