quarta-feira, 1 de julho de 2009

soma-psique-pneuma

Na metáfora da caminhada uma paragem não constitui necessariamente um não avanço. Na verdade, a viagem não tem lugar num espaço-tempo como a metáfora induz a que se a conceba. A vida olhada como lapso de tempo entre nascimento (ou concepção) e morte leva naturalmente a que se pense num percurso entre limites do domínio do incognoscível. Conscientes de que só por parábolas é possível falar do que "está oculto em Deus desde o início do tempo", vemo-nos "caminhantes para a casa do Pai". "Na casa de meu Pai há muitas moradas," disse Ele. Encontraremos a nossa, a que encontrará a "nova criatura" que em nós se forma e um dia romperá o invólucro terreno, toda "corpo espiritual"? Talvez o percurso seja o do crescimento e maturação deste novo ser, que será tanto mais perfeito quanto mais se aproximar do perfeito equilíbrio a dinâmica trinitária que é a sua essência (soma-psique-pneuma).
Uma metáfora - e a metáfora não é uma comparação ainda que a nível textual seja redutível a essa forma - não pode fundamentar uma teoria, apenas a pode suscitar enquanto interpretação do seu significado simbólico. Quaisquer representações do irrepresentável ou concepções do inconcebível que não sejam metafóricas apenas atestam as mais ou menos constrangedoras limitações do pensamento que se pretenda congruente (não-metafórico). O congruente apenas serve o funcional.