sexta-feira, 31 de julho de 2009

a metáfora

Torna-se por vezes demasiado forte a componente empírica (transempírica, como a qualificou João Paulo II num dos seus textos mais pessoais) do que chamo "encontro" para conseguir falar do que isto seja senão metaforicamente.
A reflexão sobre o "meta" da "metáfora" pode propiciar a ilusão de que seja possível uma aproximação da Referência última através da compreensão da referência imediata, ou seja, da quela que o seu sentido literal constroi, olhada como "metareferência". Claro que não se trata de uma palavra, mas do enunciado inteiro (ainda que este se possa reduzir a uma palavra, na certeza de que palavra e enunciado constituem uma unidade semântica indecomponível). Ao dizer enunciado (que é uma abstracção) refiro-me à resultante apreensível da dinâmica trinitária em que mutuamente se implicam as três dimensões semânticas (enunciativa ou interpessoal, representativa ou ideacional e textual). Isto tem, naturalmente, muito que se lhe diga...
Será mais fácil falar do "encontro com a Poesia" no que chamo "encontro com Ele", uma metáfora para o que de inconceptualizável basta para me pôr em via. E é nos momentos em que esta força se me torna apreensível enquanto tal (o que depende da sua intensidade) que experimento o que me move a caminhar (chamei-lhe, num post anterior, "felicidade a buscar e a fruir", distinguindo com Traherne "Felicity" da comum "happiness", mas poderia chamar-lhe sede ou desejo que de si mesmo se sustenta).