sexta-feira, 23 de outubro de 2009

linguagem e pensamento verbal

Sendo realidades mutuamente implicadas, linguagem e pensamento verbal diferem no suporte físico. A gramática não é mais do que um modelo do pensamento verbal, modelado pela linguagem tanto quanto a modela também. No hábito que desenvolvemos de pensar em termos de transitividade (no que toca às nossas representações), dificilmente adoptamos uma outra perspectiva. Se a ergativa parece relativamente fácil (é, na verdade, mais simples), o rheomode de David Bohm requer um imenso esforço (nada bem sucedido no que me diz respeito, devo dizê-lo). Mas já a perspectiva ergativa, na sua simplicidade, abre um outro horizonte. Numa e noutra, trata-se de pensar a partir do acontecimento no seu acontecer, seja de ordem física, psíquica ou relacional (e respectivas interfaces).
Isto que chamo gramática (não falo, naturalmente, da gramática descritiva de uma língua) serve o pensamento, problematizando o próprio modo de pensar. Não constitui nem oferece uma luz para ver a luz, mas arreda a luz para ver o que se esconde por detrás dela. A gramática a que me refiro dá conta do pensamento no acto de se pensar.