quinta-feira, 11 de março de 2010

contas desfiadas

Continuo a seguir o "rasto" que deixa o Viandante neste "espaço" a que dei um dos nomes da alegria. Falo da que me move nesta peregrinação que me levou à "fonte da água" para durante tão pouco tempo, afinal, fruir os "prados verdejantes" por onde ela corre. Necessário era que continuasse a caminhar, fortalecida, sem dúvida, pela água e pelo pasto.
Nesta caminhada acontecimentos tem havido, determinantes, que a orientam na direcção em que ora sigo. E os pontinhos com que os represento (e que tenho ligado na história que com eles construo e desconstruo) são contas de luz que Lhe entrego erguendo para ele as minhas mãos vazias. Se, como numa imagem de scrying, as vejo cheias de pequeninas esferas luminosas, um dia, no mesmo gesto, foi uma flor que vi nas minhas mãos erguidas em oferta do vazio de que as tinha cheias. Era uma flor do campo, de um campo que depois e do mesmo modo vi surgir à minha volta, lilás da sua profusão. Uma imagem de alegria misturada, porém, já a tristeza de deixar a erva viçosa dos prados e o jardim a que descia em estando sossegada a minha casa. Depressa o lilás se tornava violeta e ao crepúsculo em breve se sucedia o negro da noite.
O desejo do amarelo e branco ilumina por clarões o pano de fundo deste céu. E, na contemplação da luz que me cega, deixo perder de mim o sentido da caminhada.
É, então, que desfio as contas e Lhas entrego desfiadas, na fé de que me dará a vislumbrar o raio verde da aurora e com ele o novíssimo padrão em que as reconfigure.

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