segunda-feira, 8 de março de 2010

desejo e desire

Já muitas vezes o disse e, no entanto, nunca terei dito tudo. Como pontos luminosos num fundo escuro, ligo-os e vejo aparecer um desenho e com ele uma história que continuamente desfaço e refaço consoante vou aperfeiçoando a "arte". Arte, se a definir como esse "já que se inventa" - um dos passos epigrafáveis, passe o neologismo, que coligi no meu pequeníssimo repertório de que me sirvo neste contínuo "re-inventar" do que vou escrevendo. Já tudo foi dito, dizem. E tudo há a redizer,di-lo-ão também. Redi-lo-ei, então, fruindo o que vier no que já veio,no puro prazer da in-venção.

Nesta história, passo agora muito tempo no "estaleiro" do mosteiro da Batalha,no fim do século XIV,início do XV, obrigada a deixar em espera a Leiria de 1830. Traduções que tenho em mãos, claro.
Não há como traduzir para tocar o "âmago das coisas" tocando o das palavras. Mais uma vez estou a glosar G.Steiner e a consciencializar este re- que é sempre pro- e que me revela a natureza inexaurível de umas e outras, no que se prendem com os acontecimentos com que e em que mutuamente se implicam.
Posso perguntar: porque me diz "desire" o que não escuto em "desejo"?