sábado, 27 de março de 2010

uma semana intensa: Lisboa

Uma semana intensa, esta que passou. Se as idas a Lisboa já me eram penosas, que dizer agora em que eles, que habitaram aquele espaço, já lá não estão? Tão perto dali o lugar onde deles ficou "a capa que lhes despiram os anjos" (parafraseando o poema teosófico de Pessoa. Terra, que à terra retorna, naturalmente, o que não deixa de ser belo, olhado assim. Não fico insensível a um não sei quê que se respira nestes lugares (junto às campas, não nos tão horríveis jazigos) que tanto propicia a contemplação meditativa convidativa à recapitulação da própria vida.


Na casa que foi deles, como pesam as coisas que deixaram, no processo em que nelas se vai apagando (tornadas objectos no momento em que as desvalorizam atribuindo-lhes "valor") o que ainda resta das memórias, tão cedo aliás tornadas amargas, do tempo vivido ali, naquele espaço a que, de repente, me vi não mais pertencer. Predilecta da minha avó, este favorecimento terá ditado no meu pai e na minha mãe (quero explicá-lo assim) o movimento incontrolável da interioridade de centrarem o seu amor, respectivamente, num e no outro dos que a mim se seguiram, quase os perturbando terem ficado com tão pouco para mim.

Assim saí de onde não tive mais a que voltar. E ela, a minha avó lentamente partia também. Por que a não chorei?