sábado, 14 de agosto de 2010

«fazer imagens»

Resisto ao desejo de «fazer imagens» de alguma coisa que, por natureza, requer a ausência de imagens a interporem-se entre si e mim. É diferente, porém, quando as imagens acontecem. É como se de imagens só tivessem a designação, dada a sua natureza etérea, sem suporte físico, nem mesmo o da luz de que são feitas. Não entrando na sua "criação" a minha vontade, sendo-me "dadas", olho-as como manifestações de um qualquer traço que é importante para mim conhecer naquele que tem o por vir por essência, na plenitude do momento em que é nesse traço.
Só agora começo a perceber que aquela espécie de filmes que, com maior ou menor definição (por vezes meras sombras), tantas vezes me acontece ver desenrolar-se diante de mim podem ser entendidos como  "viagens exploratórias", não sei se dentro, se fora de mim. Como é que durante tanto tempo o não percebi? Tanto me surpreende quanto sempre tive consciência da natureza dinâmica dessas imagens projectadas na tela a três dimensões do espaço circundante.
Tal não é, pois, «fazer imagens à semelhança» seja do que for.