quarta-feira, 11 de agosto de 2010

o mais belo poema de amor

Todos os dias o correio me tem trazido o presente de aniversário que decidi oferecer a mim mesma - falo dos livros que encomendei à Amazon, quase todos em segunda mão, a pouco mais do que o preço do porte.
Retomei, de facto, os velhos hábitos de leitura (tenho outra vez um livro à cabeceira), agora que já não o faço por imposições científicas. Algo de singular está, no entanto, a acontecer. É que, em cada um que tomo e começo a ler, encontro uma "mensagem" a confirmar o que mais desejaria ver confirmado na minha maneira, de outra forma, idiossincrática de olhar a relação com o «outro privilegiado». Aproprio-me do termo de R.M. embora ele o use num sentido bem mais "convencional" do que eu, que o qualificaria como aquele que vem sendo-lhe inerente esse «por vir». Aquele que não se perde nem se prende num abraço e nenhuma sombra intimida ou afasta.
Para ele escrevo e porventura sempre escrevi aguardando-o.
Um dia verbalizei o sinal por que se me dava a conhecer o mais belo poema de amor: leria sempre um tal poema como sendo-Lhe dirigido (esta forma de dativo invariável em género é a mais adequada que poderia encontrar). Hoje, diria que essa destinação lhe é inerente mesmo que não haja qualquer sombra de explicitação: ela imbui o poema, cujo campo e teor pode ser de qualquer outra natureza. Sente-se, respira-se o Tu que faz dele um "poema de amor", sempre, no momento, o mais belo.