terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

«Ainda não compreendeis?»

Subscrevi ontem o «Evangelho quotidiano». Ao abrir o de hoje, deparei logo com a epígrafe escolhida para o site, que me pareceu uma escolha muito feliz: «Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna». (João 6, 68). Podem tecer-se as mais brilhantes conjecturas sobre o sentido de «palavras de vida eterna» que não se irá nunca muito além de onde nos leva a simples constatação gramatical de que entram, como "valor",  na verbalização de uma relação identificativa com Aquele que é interpelado e presentificado na forma pronominal "Tu", o que acontece não apenas no tempo em que foram ditas, mas, enquanto símbolo que são, em todo o "agora" em que são reiteradas.

Seja qual for o passo, haverá sempre nem que seja uma «migalha» recolhível, podendo ser uma palavra que nos toca ou de que apenas se gosta, sem que se saiba explicar porquê. No Evangelho do dia de hoje (Mc 8,14-21) a minha escolha é a de S. João da Cruz: «Ainda não compreendeis?»
Do excerto (apresentado como comentário - homilia) de «A Subida ao Monte Carmelo», II, 3, relevo: «a fé é para a alma uma noite escuríssima, mas é precisamente com a sua escuridão que ela ilumina: quanto mais a mergulha nas trevas, mais lhe faz brilhar a sua luz. Assim sendo, é ofuscando que ela alumia (...).