sábado, 5 de fevereiro de 2011

pensamento e realidade

Símbolo.
A própria palavra o diz no étimo - σύμβολον (sýmbolon) -, em que ao radical βολή, "lançar",  o prefixo σύμ- (sým-), "juntamente com", diz o que faz o essencial mistério da sua natureza.
Um símbolo pode ser, como já disse, todo um poema.
Sigo com o olhar os gestos daquela que «ali ficava a ver o mar / a saia a ondular / batida pela areia» e, ao mesmo tempo, estou lá, nessa ordem da realidade em que, como nos sonhos, o pensamento se manifesta instantaneamente. O mesmo acontece, com não menos força de realidade, em «Orfeu e Eurídice».  E, agora, em «Cifra».

Nada posso, naturalmente, dizer  daquele em quem e através de quem a palavra dá corpo ao que tem lugar numa dimensão ou plano «não físico» da realidade. Apenas posso falar do que, consigo, me leva lá, onde, sem a resistência da matéria mais densa, são concomitantes a realidade e o pensamento que a cria. 
 Dizem alguns que o mesmo acontece no plano físico, ou seja, também no plano físico o pensamento cria a realidade, só que tendemos a não dar conta disso devido ao maior tempo, sempre ilusório,  que decorre de permeio (estando, contudo, dizem ainda, a verificar-se uma cada vez mais notória «aceleração»). Sem contestar esta perspectiva, diria antes que o que acontece num plano menos denso da realidade tem efeito ou se repercute no plano mais denso, o que explicaria o fenómeno de que já aqui falei de um paralelismo entre acontecimentos num e noutro planos.