sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

campo lexical e fascínio

 O lápis azul, um livro escrito para crianças, conduz ao reconhecimento de que, se uma imagem pode valer «mais que mil palavras», «por vezes uma só palavra não se esgota em mil imagens».  
Não se trata de uma propriedade da palavra, que umas tenham e outras não. Mas de algo que, não estando à partida na palavra, lhe advém e dela passa a fazer parte, envolvendo uma relação que, pela sua intervenção, se torna trina. Ao que advém, indissociável da relação de que irrompe, chamo "poesia".

Parecerá talvez excessivo que veja tudo em termos de relação em que acontece a emergência de um "terceiro" que, intervindo, instaura uma dinâmica trinitária  por essência aberta  "ao que vem". (Nesta perspectiva, de onde não há lugar à dualidade ou à polaridade, é fulcral a noção de R.M. da irrupção do "não ser" no "ser").

Se algumas palavras me parecem "especiais", mágicas,  implicada está sempre a relação com ecos mais ou profundos que acordam em mim.Tal é o caso (quase generalizável a cada um) das que remetem para os grandes arquétipos; mas é também o caso daquelas que simplesmente fazem parte do campo lexical relativo ao "domínio" que me deleita e fascina. Que dizer quando a este "domínio"  pertencem não esta ou aquela palavra deste ou daquele poema, mas praticamente todas as palavras de todos estes poemas, todas "especiais", neste sentido que me faz dizê-las mágicas? Não pode isto também deixar de concorrer para o fascínio de que falo na minha mensagem de ontem.