quarta-feira, 15 de abril de 2009

centralidade


Na continuação da leitura da Nuvem, tomo consciência de que um tempo houve em que Lhe dava a exclusividade total, O colocava no centro do meu viver.
A este respeito leio, no capítulo 2: "He is a jealous lover and suffereth no fellowship"(Ele é um amante ciumento e não sofre rival).
Confesso que não percebia como é que estas coisas me estavam a acontecer e a outros de que me chegava notícia. Teresa d'Ávila recomendava às casadas que tratassem de comprazer os seus esposos, que estas coisas não eram para elas; agora aconteciam a qualquer um, independentemente do estado civil e da prática (ou não prática) religiosa. Podia citar nomes, mas prefiro não o fazer tendo em conta que uma coisa é a experiência da pura ocorrência sem conteúdo e outra é a conta dada dessa experiência, sempre uma efabulação (fable mystique).
Não ajuízo de nenhuma dessas efabulações (em que conto a minha e pergunto-me em que é que isto espanta, se é a única forma de lidar com o que em absoluto nos transcende) . Apenas tomo posição em termos do bom ou do mau gosto, consoante me agrade ou não. Há que ir além da narrativa, além da "apreensão" do que é narrado, há que "compreender". A compreensão implica um olhar puro. Chamo olhar puro ao olhar não toldado por preconceitos de qualquer espécie, colocado ao serviço do descernimento.
Continuarei.