segunda-feira, 6 de abril de 2009

A (sobre)vinda do Espírito: puro "acontecer"



A noção derridiana do “por vir” na dinâmica em que as coisas se tornam outras, nunca se repetindo na multiplicidade das suas iterações, veio transmutar inteiramente o meu modo de pensar ao mesmo tempo que me propiciava uma maior aproximação do mistério de que, não sabendo o que "no mundo possa ser" (T.T.), só me é possível conhecer a força de atracção.
Trouxeste-me depois a tua noção de "acontecimento" como puro acontecer, tornado facto na tentativa da sua apreensão e, como tal, entretecido na história que vamos contando e recontando, sempre outra, a nós mesmos ou aos outros. Não menos importante foi a tua noção de "compreensão", distinta da mera apreensão dos factos.

Vieste assim ao encontro da minha própria reflexão contemplativa (se lhe posso chamar assim) relativamente à dinâmica trinitária e à (sobre)vinda do Espírito Santo, a "renovar em Si todas as coisas”. A noção derridiana do “por vir” e a tua visão do "acontecer do acontecimento" vieram corroborar a ideia da liberdade que Lhe é associada. Nada, nenhuma palavra ou enunciado O pode prender. Insustentável, acontece na plenitude do momento: um sobressalto, um estremecimento, uma inundante alegria ("E Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo...", Luc10:21). Tais serão os efeitos sensíveis imediatos do acontecimento dos acontecimentos: a descida ou (sobre)vinda do Espírito.

A inundante alegria da efusão doEspírito é o júbilo da mais infinita e singular das singularidades.

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