sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Cântico dos Cânticos

Quando falo de "Poesia" não remeto para um conceito (necessariamente abstracto enquanto tal), mas para algo de inconceptualizável que é, no entanto, empiricamente - ou transempiricamente - experienciável. O mesmo acontece quando d'Ele falo como o que intransitiva os verbos buscar, desejar, amar.
Tudo isto para dizer que Ele e a Ela (a Poesia) sempre estiveram intimamente ligados. E será neste sentido que toda a verdadeira poesia é mística, como diz o Viandante.
Será que por aqui chego lá? Lá é neste caso aquilo para que aponta o Viandante neste texto (o post de ontem, 30 de Maio) que me suscita a dar conta do que chamei complementaridade na (im)possível exactidão da correspondência.
Foi um excerto do Cântico dos Cânticos que assinalou um dos momentos mais intensos do que chamo "encontro com Ele", e foi como se d' Ele escutasse aquelas palavras ditas pelo sacerdote naquele momento tão pleno de mistério a que chamam "efusão do Espírito". Tão poucas sendo as páginas que ocupa no volume da Bíblia, logo haveria de ser aberta ali, no texto que os místicos tanto glosaram... Este grande poema bíblico haveria de acompanhar os meus passos nos encontros com a Poesia, sem que conseguisse entender o que nele continuava, submersamente, a apelar à minha compreensão. Mais do que nunca apela agora, que leio como mais uma glosa - belíssima - o texto do Viandante.