terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"la música callada", ainda assim

Cordas muito profundas vibram em mim "tocadas" por cada novo poema do Viandante. À superfície, é como se os dois leitmotive que foi da Sua vontade que, separada e sucessivamente, escutasse, se tivessem impossivelmente conciliado num único, uno e trino, que agora me fosse dado ouvir e acolher. Como, sem a intervenção do próprio mistério, poderia isto acontecer? Que nome dar ao "tema do Viandante"? (Porque me ocorreu Lohengrin?)

É esse mistério que faz que no canto silencioso do "punhal feito da noite" reverbere , ainda assim, "la música callada" ("la soledad sonora") de S. João da Cruz e que "la noche sosegada" ("en par de los levantes de la aurora") toque a noite de que é feito o punhal. E a dor é "ave de sombra e sede " "que na Sua/sua boca se cala" (é evocando a reflexão "O limite de mim" que assim represento o mistério do "tu", divino e humano, neste poema belíssimo).
Certa de que me perdoará o Poeta esta "queda" na tentação da interpretação, com o link transcrevo para aqui o poema "Punhal", como se, para me redimir, o "tocasse" agora como um intérprete (tocaria) uma composição musical:

"um punhal
feito
da noite
canta
em silêncio

ave de sombra
e sede
que em tua
boca
se cala"