terça-feira, 30 de março de 2010

a águia

Os animais - ou "viventes" - evangélicos (que no A.T. surgem como as faces dos querubins, os anjos que se aproximam de Deus pela Sabedoria) representam perspectivas sobre o Caminho, e o mesmo é dizer sobre a Vida (acrescentaria sobre a Verdade, indissociada da Beleza e o Bem, não fosse a excessiva sobrecarga de sentidos e contextos que estas palavras arrastam). Sobre o Caminho e a Vida, que é Ele, e sobre o caminho que fazemos e a vida que vivemos seguindo-O.
Não cometerei, assim, nenhuma heresia ao fazê-los corresponder a cada perspectiva que me foi sendo aberta por Sua mão, sem que nenhuma substituísse a anterior, antes conjugando-se com ela. A da águia, porém, esteve sempre presente, no processo de lentamente se ir definindo até se manifestar nesse sonho que tão preciso e vivo permanece lá onde se guardam as experiências desta natureza. Se diálogo tivesse havido entre mim e a águia que me pousou no braço, no olhar em que literalmente os nossos olhos se tocaram, seria o que Bach nos dá a fruir no dueto que aqui coloquei no post do dia 24: "Mein Freund ist mein!" com a resposta "Und ich bin dein". O que colhi neste "loop" foi o que ambos ao mesmo tempo cantam: "Die Liebe soll nichts scheiden" (o amor nada deve separar). É assim que o leão não tirou lugar do touro, nem o homem alado o lugar de um e de outro, enquanto a águia, o pássaro que mais alto ascende no céu, todos envolve e transcende. Como não hei-de amar a águia com um amor acima de todo o amor? Com o amor que por Ele me foi dado sentir, um amor que é Ele mesmo amando em mim.