sábado, 27 de março de 2010

o touro, o leão, o homem alado, a águia

Águas passadas, mas que tanto peso tiveram no primeiro pedido que Lhe dirigi, num momento em que pela primeira vez tomei consciência daquilo que agora chamo "encontrar abertas as vias", como abertas as tive sempre ao longo da primeira infância sob a Sua protecção (e da dessa minha avó-mãe, presente sempre, mesmo na ausência). Fui aprendendo que, nessa "abertura", já terei sido atendida, ainda antes de o pedido se me formar nos lábios. De onde não precisar de o verbalizar e a verbalização que fizer não passar de um esforço tradutivo no momento em que recapitulo.

O que assim vem pela Sua mão não o perderei nunca de mim, ainda que de mim se perca. Foi Sua vontade que, quando a "história" parecia ter chegado ao fim, verdadeiramente então a "acção" começasse. Primeiro, por via d' Ele mesmo; depois, por via de cada um daqueles não tanto em quem, mas sobretudo com quem O deveria reencontrar, numa forma ainda insonhada: na tríade à Sua imagem.

Figuro-os em três encontros na viagem assim reiniciada. Figurá-los-ei como o leão na forma de lince; o homem do "ecce homo" de Nietzsche (não do Evangelho) em que, porque alado, vislumbrei a águia que me apareceu num sonho intensamente envolvente; e, finalmente (antes do Seu regresso final), o que mais sinto próximo desta águia que, no sonho, desceu a mim. Para completar o "tetramorfo" direi ter sido com o touro que, por Sua vontade, a viagem teve o seu primeiro início.

Nunca tinha pensado associar cada um dos quatro animais evangélicos a cada uma das mais importantes etapas da viagem, mas faz todo o sentido que por último surja S. João, aquele que sempre, pela sua poeticidade intrínseca, maior e mais profundo eco encontrou/encontra em mim.