segunda-feira, 18 de julho de 2011

«To be oneself ... a supreme, gleaming triumph of infinity»

Se só mais tarde conheci as teorias em torno da "morte do autor", o certo é que foi antes de as conhecer que fiz a aprendizagem de um modo de ler que aquelas vieram consolidar. A sua luz, se me pareceu ofuscante, nem por isso me cegou por completo, na medida em que a fiz desde logo incidir nesta, para mim anterior, experiência de leitura.
Afigura-se-me hoje mais claramente que quem orientou o seminário (diga-se que alheado da teorização francesa)pretendia desenvolver em cada um de nós a percepção da vida em toda a sua complexidade em textos que, em maior ou menor grau, a dariam a ver, ou seja, a trariam "ali", diante de nós - textos em que, como na vida, se tornava indiscernível qualquer marca de autoridade reportável, como tal, ao autor, textos em que, como na vida, os acontecimentos(fossem de que natureza forem,física, psíquica, espiritual) se não esgotavam na interpretação, neste ou naquele sentido que se lhes quisesse ou pudesse "pregar". D.H.Lawrence, fulcral no programa, isto mesmo havia teorizado na Phoenix, a sua obra póstuma,(onde usa mesmo o termo «nail»),ainda que ele próprio tivesse prevaricado e pregado a sua "moral" em textos que, à luz do que defende,são mortos (creio não ser preciso apontar o mais gritante exemplo). Pelo contrário, The Rainbow apresentar-se-ia (indubitavelmente ao orientador do seminário, a quem coube toda a escolha)como texto "realista" por excelência (estou deliberadamente a evitar o termo "romance" de modo a deixar aberto o horizonte). É deste texto que colhi o passo que transcrevo e que me parece a todos os títulos luminosamente vivo, contextualizado na observação ao microscópio dos movimentos de uma amiba:
«Self was a oneness with the infinite. To be oneself was a supreme, gleaming triumph of infinity».

Como este post já vai longo,continuarei num outro.