sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tradução dos epigramas de Silesius

Traduzo agora - truncadamente, pois que não tenho em conta a componente semântica textual inerente à toada/musicalidade do verso alexandrino (do-decassílabo, com cesura e rima ), os epigramas de Angelus Silesius do post do dia 16. É até onde pode ir o serviço que a linguística pode prestar ao tradutor-poeta, só ele capaz de responder ao apelo do texto no seu todo (wholeness / Ganzheit)  reverbalizando poeticamente (rewording) o sentido emergente.

1:68
Der Abgrund meines Geists rufft immer mit Geschrey
Den Abgrund GOttes an: Sag welcher tieffer sey?

O abismo do meu espírito chama sempre com clamor
o abismo de Deus: Diz qual será o mais profundo?


5:339
Wie tief die Gottheit sey kan kein Geschöpff ergründen:
Jn ihren Abgrund muß auch Christi Seel verschwinden.

Quão profunda seja a divindade nenhuma criatura pode sondar:
 No seu abismo sem fundo, também a alma de Cristo tem de desaparecer.

A palavra Abgrund, que se costuma traduzir por abismo, significa literalmente negação, privação (prefixo ab-) de fundo, base, chão; verschwinden, que se traduz por desaparecer, significa literalmente afastar-se até não se ver mais,de onde desvanecer-se, aniquilar-se.