Talvez nunca tenha sido verdadeiramente capaz de explicitar algo que me parece auto-evidente, advindo a dificuldade (inultrapassável porventura) de o dar a ver a quem não o quer ver. Em que é que o mistério é afectado em lhe chamarem Deus e uns o quererem pessoal e outros o quererem impessoal, ou até mesmo em uns o quererem e outros o não quererem? Cada vez mais me parece uma questão, esta sim, pessoal e de gosto ou propensão, não de capacidade intelectual. Prefiro falar em discernimento, que passa por reconhecer, de uma vez por todas, que o mistério é mistério por sua natureza e não porque contenha algo oculto a desocultar (Rilke reitera-o no seu inexcedível modo de dizer). São apenas vias diferentes de o pensar ou não pensar (nada no-lo proíbe, antes pelo contrário, dada a nossa essência pensante, envolvida tanto em pensar como em não pensar).
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