Splendour in the grass
Fernando Pessoa, , entre as condições sem as quais "o símbolo será morto e o seu intérprete morto para o símbolo", refere a "compreensão", de que diz: "não direi erudição [...] pois a erudição é uma soma; nem direi cultura pois a cultura é uma síntese e a compreensão é uma vida". Carece, porém, da quinta e última condição que coloca, para que a "compreensão" seja mais, muito mais, do que um mais profundo entendimento que envolva toda a vida. Desta última condição, diz Pessoa: "direi talvez, falando a uns que é a graça, falando a outros que é a mão do Superior Incógnito" (forma de verbalização muito infeliz, convenhamos... ).
Tomo o poema "Erva" do Viandante, reservando para amanhã ou mais tarde "Filho Pródigo", um e outro de uma extrema beleza.
Se "Erva" é muito mais do que um símbolo em si mesmo (como tal, perfeito), dizê-lo "tocado" pela "compreensão" é o mesmo que o dizer "tocado" pela graça, "tocado" pelo Espírito, "tocado pela Sua mão" .
"Tocado pela graça, uma vez que, mais do que glosá-lo, acende-me na alma o desejo de "rezá-lo" como se "reza" um passo bíblico na oração "carismática". A simples leitura , silenciosa ou em voz alta seria já oração, deixando transparecer uma "interpretação", dada no momento e para o momento (e deste para a vida). Muitas vezes acontece rezar-se assim de início. Depois, a leitura suscita um "baloiçar ao som do vento" a que se dá voz. Ouço-me a tomar as palavras de um cântico de que muito gosto - "eu quero ser, Senhor amado, como...". E, em lugar de dizer "o barro nas mãos do oleiro" digo"como a erva que "baloiça /sob o som / do vento". E digo-o fazendo silêncio onde coloquei as barras a indicar mudança de verso.
E deixaria a cada um que comigo rezasse a vez em que o tocasse a "compreensão". Ao escrever isto, é Hildegard von Bingen que se me faz na mente com as palavras "like a feather on the breath of God" (ou são as palavras que me ocorrem e com elas aquela que assim se via).
Daria, pois, lugar a que outros tomassem o mesmo ou outro versículo e a oração prosseguisse até onde a levasse o Espírito. Muitas vezes faço sozinha a oração "carismática ... é mesmo como mais gosto de rezar. Por vezes pergunto-me se estarei realmente sozinha, se desta ou de outra dimensão não seremos verdadeiramente dois ou três... estando Ele no nosso meio. Vejo-me a rezar assim com o Viandante... não sei se, de alguma forma, não estará comigo se, rezando este poema, em Seu nome, o invoco em pensamento.
Enquanto escrevo isto, estou e não estou em oração. E "leve / me dobro", feita erva, num abandono propício à "compreensão".
E "vejo" Traherne rejubilar (rejoyce, uma palavra muito dele) ante o esplendor que neste poema alcança a certeza que o animou sempre:
"ao tocar a terra / logo se erguia / para a luz / do firmamento".
"The splendour in the grass"... não poderia ser maior do que este. Anúncio de uma maior claridade / glória. A da flor - deste verso de Wordsworth ou da "que os teus olhos vêem e eternamente se abre em Deus" (Silesius)
Tomo o poema "Erva" do Viandante, reservando para amanhã ou mais tarde "Filho Pródigo", um e outro de uma extrema beleza.
Se "Erva" é muito mais do que um símbolo em si mesmo (como tal, perfeito), dizê-lo "tocado" pela "compreensão" é o mesmo que o dizer "tocado" pela graça, "tocado" pelo Espírito, "tocado pela Sua mão" .
"Tocado pela graça, uma vez que, mais do que glosá-lo, acende-me na alma o desejo de "rezá-lo" como se "reza" um passo bíblico na oração "carismática". A simples leitura , silenciosa ou em voz alta seria já oração, deixando transparecer uma "interpretação", dada no momento e para o momento (e deste para a vida). Muitas vezes acontece rezar-se assim de início. Depois, a leitura suscita um "baloiçar ao som do vento" a que se dá voz. Ouço-me a tomar as palavras de um cântico de que muito gosto - "eu quero ser, Senhor amado, como...". E, em lugar de dizer "o barro nas mãos do oleiro" digo"como a erva que "baloiça /sob o som / do vento". E digo-o fazendo silêncio onde coloquei as barras a indicar mudança de verso.
E deixaria a cada um que comigo rezasse a vez em que o tocasse a "compreensão". Ao escrever isto, é Hildegard von Bingen que se me faz na mente com as palavras "like a feather on the breath of God" (ou são as palavras que me ocorrem e com elas aquela que assim se via).
Daria, pois, lugar a que outros tomassem o mesmo ou outro versículo e a oração prosseguisse até onde a levasse o Espírito. Muitas vezes faço sozinha a oração "carismática ... é mesmo como mais gosto de rezar. Por vezes pergunto-me se estarei realmente sozinha, se desta ou de outra dimensão não seremos verdadeiramente dois ou três... estando Ele no nosso meio. Vejo-me a rezar assim com o Viandante... não sei se, de alguma forma, não estará comigo se, rezando este poema, em Seu nome, o invoco em pensamento.
Enquanto escrevo isto, estou e não estou em oração. E "leve / me dobro", feita erva, num abandono propício à "compreensão".
E "vejo" Traherne rejubilar (rejoyce, uma palavra muito dele) ante o esplendor que neste poema alcança a certeza que o animou sempre:
"ao tocar a terra / logo se erguia / para a luz / do firmamento".
"The splendour in the grass"... não poderia ser maior do que este. Anúncio de uma maior claridade / glória. A da flor - deste verso de Wordsworth ou da "que os teus olhos vêem e eternamente se abre em Deus" (Silesius)
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