quarta-feira, 31 de março de 2010

o poético emergente


No "mundo da palavra" há "fenómenos emergentes" , "que existem no seu próprio nível", e que emergem de um de um modo não menos misterioso do que "no mundo da física e da biologia" . O poético afigura-se-me um fenómeno desta natureza. Dizer que esse "nível" emerge no agora, simultaneamente de um " já " e de um "ainda não", não é atentar contra o mistério, mas, pelo contrário, realçá-lo.

Dizer que o "outro", por isto mesmo, "privilegiado", existindo ou assumindo existência "no seu próprio nível", é tão inerente ao poema, como as palavras que leio ou escuto só constitui uma heresia para a doutrina da autotelicidade do texto no momento em que pretender que seja de identificação a sua relação com o "autor empírico". Encaro, porém, as teorias da literatura na medida em que de algum modo esclarecem (e são esclarecidas por) a perspectiva, religiosa, no sentido etimológico do termo), que assumo da vida como via, caminho que se perfaz no encontro - e de encontro em encontro - com o "outro" e com, por e em "o Outro".