quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a narrativa como instrumento de aprendizagem

Entre o haver que «dar tempo ao tempo» do início e  o haver, cada vez mais, que  pedir tempo ao tempo do agora decorre, afinal tão aceleradamente, esta viagem, estando porventura nesta tomada de consciência um sinal da aproximação da chegada ao destino.
«A casa de meu Pai tem muitas moradas», disse Ele. Meditando estas palavras acredito que nos tem reservada uma, onde, feita a recapitulação do que aprendemos, se iniciará um novo "programa" de uma aprendizagem verdadeiramente personalizada. É uma forma tanto quanto possível racional de perspectivar os «insondáveis desígnios de Deus» (evoco as leituras de Domingo passado) sem violentar os princípios de que uma certa forma de tradição cristã fez dogma. O próprio S. Paulo fala num avanço «de claridade em claridade» até à Luz da luz.
A ideia de reencarnação neste mesmo mundo parece-me tão sombria como a de "purgatório", sendo, naturalmente, uma coisa e outra, meros modos de perspectivar o que está para além da nossa possibilidade de entendimento.
A narrativa, na perspectiva a que chego, é inescapável porque é, nesta perspectiva, um instrumento de aprendizagem. O livro por que aprendemos descobrimos um dia ser aquele que escrevemos, não podendo ser mais personalizada a aprendizagem feita. «Se mais quiseres ler, torna-te tu mesmo a escrita», diz A. Silesius no fecho. 
Claro que esta perspectiva me é imensamente grata. (Continuarei num próximo post).