a obra, «suporte (...) de um espírito»
(de F.M. para O Canto da Água) |
(da net) |
Quando a «materialidade do objecto» é de natureza verbal, o que há a esperar é que a complexidade envolvida seja muito maior.
Almejando ver unificados, no "plano da viagem", os planos da vida e da escrita / leitura, não pode encontrar maior acolhimento em mim a visão de H.V. (de quem são as citações que faço atrás) a partir, como diz, da recolocação do conceito ricoeuriano de obra ('suporte de um mundo') numa outra perspectiva, nomeadamente a que lhe a dá a ver como «suporte não de um mundo mas de um espírito». Continuo a citar: «entrelaçado à materialidade verbal e técnica da literatura está um dado espírito que se dirige ao espírito do leitor e o confronta». Luz e olhar são um, no «espírito» que assim se comunica feito palavra. Será heresia atribuir-lhe, antes de mais, e com respeito à «obra», uma reiteração das palavras eucarísticas? Hoc est enim corpus meum. De que natureza é o corpo assim exposto?
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