terça-feira, 19 de julho de 2011

o «toque» da «compreensão»

Prossigo a citação que coloquei no post anterior:

«Suddenly in her mind the world gleamed strangely, with an intense light, like the nucleus of the creature under the microscope. Suddenly she had passed away into an intensely-gleaming light of knowledge. She could not understand what it all was. She only knew that it was not limited mechanical energy, nor mere purpose of self-preservation and self-assertion. It was a consummation, a being infinite. Self was a oneness with the infinite. To be oneself was a supreme, gleaming triumph of infinity.»

Realizado este momento em que a interioridade da personagem e a exterioridade representada pelo ser microscópico se relacionam sem quaisquer nexos de causalidade, vemo-la  explicitar significações (interpretações do símbolo que não logram destruí-lo na alegoria).  Na verdade, os seus enunciados, apenas nos dão conta da sua incapacidade de chegar ao entendimento daquela experiência (a do «toque da compreensão»?)  a que reconhece toda a  intensidade, profundidade e amplitude significativa: «It was a consummation, a being infinite. Self was a oneness with the infinite. To be oneself was a supreme, gleaming triumph of infinity». 

Lawrence não dá ocasião a que possamos confundir narrador e autor, personagem e autor. A formulação é indiscutivelmente da personagem, que a ela chega através desta vivência, connosco plenamente partilhada, de um momento de “fulguração”. Temática e simbolicamente significativa é, no passo que tenho vindo a transpor para aqui, a palavra "gleam".  Na tradução que tentei fazer, foi a palavra "fulgor"  (e seus derivados) a que escolhi.