a floresta das histórias
Um motivo temático de algumas antigas histórias ditas para crianças é o de um caminho que é preciso fazer através de uma floresta, fascinante pela inexistência de fronteiras entre os vários planos da realidade (na verdade, elas são construção nossa), o que reverte em nunca se saber o que se irá encontrar e qual a sua natureza, tudo sendo "natural". O caminho não leva a um lugar, mas a um encontro, preparado por outros que fazem dele o terceiro e o último, num crescendo de deslumbramento. Isto vai sendo descoberto pelo protagonista - ou vai-se-lhe revelando/manifestando - à medida que se vai embrenhando na espessura.
Na verdade, é como se protagonizasse uma história desta natureza em que os meus pensamentos e desejos de algum modo entrassem na "invenção" do seu desenrolar, porém apenas em parte e de um modo inteiramente imprevisível, excedendo sempre em maravilhoso o que a imaginação produtiva se tenha posto a antecipar. É por isso que já não me dou a um tal esforço e simplesmente aguardo o que a «imaginação comunicativa» houver de realizar, na certeza da tríade em que tudo acontece.
Poderia dizer que vivo cada vez mais uma ficção, se não estivesse tão convicta de que só toma esta "aparência" no momento em que olho como realidade um mundo circundante claramente «feito pelo homem» em cada vez mais violento contraste com o mundo «feito por Deus». A floresta, também ela circundante, será não uma via de acesso (imediato) a este mundo, mas já este mundo, que, obviamente, não se reduz à beleza da paisagem natural impoluta pela mão humana, antes envolve, «na glória da criação», a suma beleza daquele em que Ele habita, para quem ela foi/é criada.
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