quarta-feira, 24 de agosto de 2011

«still feminine, still beautiful in some (...) incorporeal way»

Nos últimos tempos, tenho sempre na mesa de cabeceira um romance, de que leio umas páginas até o sono começar a pesar. De Amin Maaloof passei, mais uma vez, a Paul Auster, agora com The Book of Illusions. Encontrei, nas páginas lidas ontem, um daqueles passos que, noutros tempos, teria copiado para o meu "livro dourado", onde guardava expressões do meu próprio sentir inverbalizado ou de observações que eu mesma houvesse feito ou de experiências especiais que tivesse vivido. Tal é o caso agora, não só por já ter, face a algumas - raras - pessoas de idade, observado isto mesmo, mas também por reconhecer, na personagem descrita, a minha avó e sentir reavivado o desejo, sempre sentido, de envelhecer à sua semelhança, sem, aos olhos do "outro", perder a feminilidade e sem se alterar em mim quem sou - antes pelo contrário -, como é dito de Friede (e não terá sido acidental a escolha do nome, antigo nominativo de Frieden, paz, tranquilidade). O carregado é meu, claro:

«By my reckoning, Frieda Spelling was seventy-nine years old. (...) No lipstick or makeup, no effort to do anything with her hair, but still feminine, still beautiful in some pared-down, incorporeal way. As I continued to look at her, I began to sense that she was one of those rare people in whom mind ultimately wins out over matter. Age doesn't diminish these people. It makes them old, but it doesn't alter who they are, and the longer they go on living, the more fully and implacably they incarnate themselves» (p. 198)

Será "objectivamente" assim? Ou serei eu a vê-la assim?
Há tempos digitalizei as fotografias que dela ficaram, e ordenei-as cronologicamente. Será que dará para ver?