quinta-feira, 21 de junho de 2012

de novo o tema vida e leitura/escrita

Se a vida for vista como uma viagem de exploração e descoberta, uma aprendizagem feita ao longo do tempo e em torno dos “acontecimentos”, logo ela se presta a diferentes narrativas e modos de narrar consoante a perspectiva assumida (o que é consabido). Escusado será dizer que estas narrativas são, antes de mais, leituras. A ideia de que o seu "suporte", a vida em si mesma, não tenha a continuidade que lhe conferimos não implica que ela seja necessariamente descontínua, feita de flashes, como também a vemos se assim o quisermos. Em última análise, tratar-se-á da eterna tensão entre a ordem e o caos (que só a inalcançável "compreensão" resolve). 
Isto para dizer que a trama narrativa (que ao olhar desconstrutivo é substituída pela sua pretensa ausência) se traça em função de linhas temáticas que se seguem, como se já lá estivessem a ligar acontecimentos, que em função delas assumem significatividade, podendo assim servir temas diversos, sustentando sentidos diversos. 
As teias que assim se tecem facilmente se rompem, de onde continuamente as repararmos, ou desfazermos para tecermos outras, diferentes sempre. Um romance será tanto mais realista quanto nisto mesmo se assemelhar à vida.