sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Lloyd Webber Requiem: Pie Jesu (Sarah Brightman and Paul Miles-Kingston)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dia de Santa Cecília



Antifona gregoriana per la Festa di Santa Cecilia, DUM AURORA,

Dum aurora finem daret, Caecilia exclamavit dicens: Eia! Milites Christi abjicite opera tenebrarum, et induminimi arma lucis.


Audi Filia (St. Cecilia, Gradual)

   

Audi filia et vide et inclina aurem tuam:
quia concupivit rex speciem tuam et pulchritudinem tuam.
Intende, prospere procede, et regna.

sábado, 19 de novembro de 2011

Tota pulchra es, Maria.



Tota pulchra es, Maria.
Et macula originalis non est in te.
Tu gloria Ierusalem.
Tu laetitia Israel.
Tu honorificentia populi nostri.
Tu advocata peccatorum.
O Maria.
Virgo prudentissima.
Mater clementissima.
Ora pro nobis.
Intercede pro nobis ad Dominum Iesum Christum.
In conceptione tua, Immaculata fuisti.
Ora pro nobis Patrem cuius Filium peperisti.
Domina, protege orationem meam.
Et clamor meus ad te veniat.

Tota Pulchra Es Maria - José Maurício Nunes Garcia - (Vox Brasiliensis)



Tota pulchra es, Maria.
Et macula originalis non est in te.
Tu gloria Ierusalem
Tu laetitia Israel
Tu honorificentia populi nostri
Tu advocata peccatorum
O Maria.
Virgo prudentissima.
Mater clementissima
Ora pro nobis.
Intercede pro nobis ad Dominum Iesum Christum ''

Tota pulchra es amica mea

Tota pulchra es amica mea, et macula non est in te:
favus distillans labia tua, mel et lac sub lingua tua:
odor unguentorum tuorum super omnia aromata:
jam enim hiems transiit, imber abiit et recessit:
flores apparuerunt, vineae florentes odorem dederunt,
et vox turturus audita est in terra nostra.
Surge, propera, amica mea:
veni de Libano, veni, coronaberis.


Antiphonarium SOP, Romae 1933, p. 899-900




A minha disposição de espírito pede-me hoje o canto gregoriano. Belíssima esta voz (que pena os ruídos na gravação...)
Fiquei a ouvir Palestrina e Monteverdi de que escolhi os vídeos que trago aqui.

Palestrina





Monteverdi

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tradução dos epigramas de Silesius

Traduzo agora - truncadamente, pois que não tenho em conta a componente semântica textual inerente à toada/musicalidade do verso alexandrino (do-decassílabo, com cesura e rima ), os epigramas de Angelus Silesius do post do dia 16. É até onde pode ir o serviço que a linguística pode prestar ao tradutor-poeta, só ele capaz de responder ao apelo do texto no seu todo (wholeness / Ganzheit)  reverbalizando poeticamente (rewording) o sentido emergente.

1:68
Der Abgrund meines Geists rufft immer mit Geschrey
Den Abgrund GOttes an: Sag welcher tieffer sey?

O abismo do meu espírito chama sempre com clamor
o abismo de Deus: Diz qual será o mais profundo?


5:339
Wie tief die Gottheit sey kan kein Geschöpff ergründen:
Jn ihren Abgrund muß auch Christi Seel verschwinden.

Quão profunda seja a divindade nenhuma criatura pode sondar:
 No seu abismo sem fundo, também a alma de Cristo tem de desaparecer.

A palavra Abgrund, que se costuma traduzir por abismo, significa literalmente negação, privação (prefixo ab-) de fundo, base, chão; verschwinden, que se traduz por desaparecer, significa literalmente afastar-se até não se ver mais,de onde desvanecer-se, aniquilar-se.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ainda "leben" e "dichten": o autor

Na citação que coloquei no final do meu último post, a vida humana toda a vida de um modo geral  (Menschenleben – ach! Leben überhaupt) é relacionada identificativamente com a criação poética: ist Dichtung.  Ao mesmo tempo, é-lhe reconhecido o duplo papel de âmbito e de actor do processo que enuncia (leben, viver). Ou seja, vivemos a vida, mas a vida vive-nos / cria-nos. Traduzo assim  dichten, um verbo cujo tema - dicht - é a raiz de derivações como Dichtung, poesia, Dichter, poeta, Gedicht, poema). Traduzo: «Inconscientemente (à letra: de nós mesmos não sabido) vivemo-la, dia a dia como se peça a peça (pedaço a pedaço), na sua integralidade (inglês wholeness) intangível/inviolável, porém, ela vive-nos, cria-nos.
Com respeito à vida, Lou não separa criação e criador, a obra e quem a cria ( dichten ) em virtude dessa sua integralidade intangível. 

Na verdade, cada recapitulação que faça da  minha própria vida de um modo geral ou desta ou daquela peça /pedaço em particular  constitui uma narrativa em que eu própria surjo como interveniente - narrador e protagonista - porém não autor.  Ao autor Lou chama vida. Não a vida em  abstracto, mas a vida em cada vivente, a vida em mim.  Posso chamar-lhe também via ou caminho. 
o caminho que me faz o que vou sendo e vou sendo o caminho que faço. Volto ao início no reconhecimento da via no duplo papel de actor e âmbito do processo que enuncia. 

O que faz poético um texto é ele ser nisto à imagem da vida - da vida em que surge o poema. Vejo o processo de criação poética à semelhança da trindade divina:  o poema nasce da relação que ele mesmo cria dela irrompendo e nela intervindo (como linguagem?) entre o autor do texto e (retomando as palavras de Lou com que iniciei) a vida que vive e que o vive / cria ("criar" como tradução do termo  dichten), tenha ou não consciência disso.

 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

«es (das Leben) dichtet uns»

Não traduzi os epigramas de Angelus Silesius que coloquei no último post na ideia de os retomar, na sequência de uma escrita que tende a tornar-se mais da ordem do testemunho do que da reflexão.
Isto prende-se com a minha insistência na singularidade de cada  eu e do (seu) mundo  - coloco o determinante possessivo entre parêntesis porquanto o mundo dito "real", por se considerar comum a todos os que nele estão, não deixa de fazer parte do mundo singular e único de cada um. A linguagem está, naturalmente, implicada na sua construção conjunta (será, nesta perspectiva, interessante ler a narrativa da cura do cego de Betsaida, em  Mc 8, 22-26).
Se antepuser ao que quer que diga a expressão "penso que" poderei dizer o que quiser sem contestação, pela simples razão de que, com esta forma verbal, enuncio um processo psíquico (cognitivo, neste caso), como tal não passível de valor de verdade. O mesmo se pode dizer de "vejo", "ouço", "sinto", etc.. Ou de "amo", "gosto", "detesto", etc., enunciações de processos psíquicos, respectivamente sensoriais e afectivos.  Não podem ser postos em causa
Acontece que,  âmbito que traga a esta ordem de processos (o complemento directo da gramática tradicional), logo enuncio e anuncio o mundo (ou algo no mundo) como representação minha, ou seja, será do meu mundo que estou a falar, um mundo que só quem o "sustenta"  verdadeiramente o conhece.
Se disser «vejo um unicórnio na floresta que é também esta sala» ninguém  mo pode negar. Na melhor das hipóteses , porém, (já que tanto o senso comum como a ciência estabelecem que, no "mundo real," uma sala não pode ser ao mesmo tempo uma floresta, nem tão pouco existem unicórnios), será dado o salto do congruente para o metafórico, do mundo real para o mundo ficcional, da vida para a criação literária/poética.
E é, naturalmente, da criação poética que quero falar.
Com este salto de um mundo para outro, dentro do mesmo, como é óbvio - ficam na sombra  ou na margem o processo e o  medium , enquanto, no centro iluminado brilha o âmbito: o mundo do texto, de que se tem ocupado a análise literária. Não digo que não seja fecundíssimo o terreno, longo tendo sido o tempo em que o trabalhei também. Só que anseio agora ir mais além, além da linguagem, porventura além da «Vida», da qual - como escreve Lou Andreas Salomé em epígrafe à sua narrativa autobiográfica Lebensrückblick - somos a obra. Transcrevo:

«Menschenleben – ach! Leben überhaupt – ist Dichtung. Uns selber unbewußt leben wir es, Tag um Tag wie Stück um Stück, – in seiner unantastbaren Ganzheit aber lebt es, dichtet es uns.(...)»