o «eu exterior» dividido e o «eu interior»
Os dias têm passado demasiado velozes e agitados para me permitirem mais do que uns breves intervalos de meditação, em que por vezes uma pequenina fulguração me deixa vislumbrar uma ou outra vereda (que depressa se esvai) a abrir-se à reflexão que a escrita serve. Acresce que a questão que tentei retomar (de que falo em posts anteriores) é a mesma que, não sem razão, me vi um dia forçada a pôr de lado para me centrar numa parte apenas. No entanto parece acompanhar-me passo a passo, como se fosse inerente à caminhada e devesse por isso persistir nela. Creio ser precisamente porque nada deixa de fora que se torna, no sentido etimológico do termo, incompreensível.
David Bohm propõe uma inversão da metodologia da "ciência normal": não mais da parte para o todo, antes do todo (wholeness), na consciência da sua incompreensibilidade, para a parte. Esta é que é abstraída do todo.
No curso destas meditações sempre interrompidas tomei mais clara consciência de que o conflito não será entre o «eu interior» e o «eu exterior», que se não podem fazer corresponder ao espírito e à carne (como S. Paulo o parece deixar entender, não sem que noutros passos deixe espaço à possibilidade de um outro entendimento), mas entre as duas partes em que o eu exterior se divide na sua relação consigo mesmo e com o outro no mundo, alternando-se a vitória de uma ou de outra dessas partes.
O «eu profundo», silencioso, sabe o que disputam e para Ele olha, reflectindo nos olhos o Seu olhar, que tudo envolve. O seu poder sobre o «eu exterior» dividido será tanto maior quanto se Lhe renda num amor que é Ele mesmo, de Si mesmo fazendo-se dádiva. Já o profeta do Antigo Testamento, tocado pela "compreensão", tomava a metáfora da sedução e da Sua vitória numa «luta desigual»: é o «eu profundo» que Ele seduz, não as partes que se confrontam à superfície. A luta é no «eu exterior» e, mesmo neste, não é (como ainda hoje perdura ou se quer fazer perdurar a ideia) entre o espírito e a carne, mas entre modos diferentes de perseguir o projecto pessoal de felicidade, envolvendo um deles a satisfação de uma necessidade, outro, a salvaguarda do orgulho, a defesa da imagem, resvalando, assim, para a subordinação a uma moral ditada pelos «costumes dos homens» e pelos seus códigos de regras sociais.
David Bohm propõe uma inversão da metodologia da "ciência normal": não mais da parte para o todo, antes do todo (wholeness), na consciência da sua incompreensibilidade, para a parte. Esta é que é abstraída do todo.
No curso destas meditações sempre interrompidas tomei mais clara consciência de que o conflito não será entre o «eu interior» e o «eu exterior», que se não podem fazer corresponder ao espírito e à carne (como S. Paulo o parece deixar entender, não sem que noutros passos deixe espaço à possibilidade de um outro entendimento), mas entre as duas partes em que o eu exterior se divide na sua relação consigo mesmo e com o outro no mundo, alternando-se a vitória de uma ou de outra dessas partes.
O «eu profundo», silencioso, sabe o que disputam e para Ele olha, reflectindo nos olhos o Seu olhar, que tudo envolve. O seu poder sobre o «eu exterior» dividido será tanto maior quanto se Lhe renda num amor que é Ele mesmo, de Si mesmo fazendo-se dádiva. Já o profeta do Antigo Testamento, tocado pela "compreensão", tomava a metáfora da sedução e da Sua vitória numa «luta desigual»: é o «eu profundo» que Ele seduz, não as partes que se confrontam à superfície. A luta é no «eu exterior» e, mesmo neste, não é (como ainda hoje perdura ou se quer fazer perdurar a ideia) entre o espírito e a carne, mas entre modos diferentes de perseguir o projecto pessoal de felicidade, envolvendo um deles a satisfação de uma necessidade, outro, a salvaguarda do orgulho, a defesa da imagem, resvalando, assim, para a subordinação a uma moral ditada pelos «costumes dos homens» e pelos seus códigos de regras sociais.
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