É a própria Igreja, em resultado de toda uma recapitulação (no sentido que Agamben reconhece no termo no uso que dele faz S. Paulo), que se coloca ao serviço do que chama, cada vez mais assumidamente, «a nova evangelização». É à sua luz que é gizado o plano para a caminhada desta Quaresma, «um percurso claro e definido», como no-lo mostram os textos apresentados ao longo das cinco semanas que cobre. Transcrevo:
- «Deus quer oferecer-nos um mundo onde a felicidade é possível (1º domingo)
- e a sua Palavra ensina-nos o caminho (2º domingo),
- Palavra que nos chama à conversão e à renovação (3º domingo).
- Aceitar esta Palavra implica, pois, mudar de vida. Fiquemos, contudo, certos do amor de Deus, gratuito e incondicional (4º domingo).
- Quanto a nós, temos de estar atentos ao Seu plano de salvação e ir ao encontro dos outros, no amor e no serviço (5º domingo).»
As "etiquetas" (tags) são claramente: felicidade, caminho, renovação, amor.
Diria que sempre foram estas as traves mestras do cristianismo, mesmo nos tempos em que um muito maior enfoque era dado ao sofrimento, à cruz. Ciente disto mesmo, abracei com toda a minha alma a "nova evangelização", ao mesmo tempo que se me deparava em Traherne a sua perfeita antecipação, consolidando a ideia de por alguma razão ter sido feita no nosso tempo a sua descoberta. Seriam as "etiquetas" que refiro acima as que indicaria para a sua obra.
Mas, não estaremos nós a tentar "competir" com orientações não cristãs cada vez mais em voga que apontam o caminho da felicidade neste mundo, desde os orientalismos aos neo-paganismos, camuflando uma realidade que, afinal, está, sempre esteve, aí? Refiro-me, naturalmente, à cruz. E não apenas à que nos cabe, já que não há quem a não tenha, mas à Sua cruz, o mesmo é dizer, ao amor crucificado.
Não envolve o amor, todo o amor, sempre sofrimento?
Leio e releio, na busca de uma resposta, 1 Cor 13.